Passa um vagão repleto de uma imagem,
Que tua ilusão ciou sem testemunhas.
Duvidas deste sentimento de pertença
Que te assola a visão, o coração.
Não sabes o que esperar!
Esperas tudo, e o tudo não é suficiente.
Clamas pelas lágrimas que te escorrem
Por teus olhos e lábios sedentos de sonhos,
Na esperança delas saberem onde te leva
Este comboio da tua vivência,
Este trilho que ainda não pisaram, em demasia.
Não sabes onde os pequenos traços de emoção
Te conduzem, te querem levar a conhecer.
Perdeste-te de mim, na hora da partida,
Naquele momento onde devias ter ficado
Junto ao meu corpo que bradava por ti,
Perto deste sorriso que nascia por te saber ali,
Próximo deste coração que ainda sangra
Por te ter perdido entre o espiar daquele som,
Entre a imagem perdida de um nevoeiro amigo,
Rente a uma sombra dobrada a meio desta figura,
Por um triste vapor, e um triste som de partida.
Perdeste-te de mim, naquele momento
Onde já mais não te poderia ter tido,
Onde já não me pertencias.
Ficaste com meu sentimento em tuas mãos,
Tortuosas mãos que me arrancaram isto do peito
Destruindo a mal cozida cicatriz que me fizeste.
Oh amor de uma madrugada, que para lá de mim,
Que um infinito horizonte cruzaste,
Permaneceste com ele, lá bem longe deste
Covil imenso que ajudaste a criar!
(01/01/23)